Friday, March 4, 2011

Uma camisola que nunca me serviu

Hoje, de manhã, acordei cheio de frio. Para estas ocasiões, tenho a sorte de preservar todo um museu de más camisolas que em tempos eram as minhas prized possessions - mas que hoje nem chegam a ser um pijama. É só para não ter frio ao pequeno-almoço.

A que usei hoje é da Rip Curl. Comprei-a em 2003, no Inverno em que saí dos Salesianos e fui para o liceu de S. João. Lembro-me perfeitamente de ir a uma Ericeira Surf Shop comprá-la com a minha mãe. Queria-a tanto que acabei por voltar para casa com uma camisola XL. Mas eu precisava de tê-la. Estava a fazer a transição para o liceu, e havia que dar lugar à metamorfose de sapatos de vela em Globe, Zara em Billabong, Continente em Eastpak, tudo o que fosse preciso para não ficar de lado.

E hoje, oito anos depois, a camisola ainda não me serve. Continua a tapar-me um bocado das mãos e a chatear-me quando tento fazer as minhas tostas mistas. Nunca me serviu.

"What the fuck is this guys talking about?". Pensei nisto hoje, that's all. Passados uns anos tenho o privilégio de, finalmente confortável na minha pele e com roupa do tamanho certo, poder olhar para a minha vida de um ângulo diferente e aperceber-me do tempo que perdi e do pateta que fui em fazer tanta questão de ser parte de uma rotina, de um grupo, de uma cultura, que nunca me serviu.

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